sábado, 28 de janeiro de 2012

BISPOS BRASILEIROS AFIRMAM QUE REALITY SHOWS (BBB, ETC.) SÃO UM “MAL NA SOCIEDADE”

Durante a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) realizada em 24 de fevereiro de 2011, os religiosos participantes emitiram uma nota considerando que os reality shows são um “mal para a sociedade” e "atentam contra a dignidade de pessoa humana, tanto de seus participantes, fascinados por um prêmio em dinheiro ou por fugaz celebridade, quanto do público receptor que é a família brasileira".
De acordo com a professora doutora Leila Tardivo, Livre Docente da Faculdade de Psicologia da USP, os reality shows, programas cada vez mais comuns nas emissoras de televisão brasileiras podem influenciar o comportamento das pessoas que assistem esse tipo de atração. Segundo a especialista, o “Big Brother Brasil”, por exemplo, cria “uma ideia fantasiosa para a sociedade”. Além do BBB, há outros programas do gênero, como A Fazenda, Solitários, Busão do Brasil, entre outros.
“Pela emoção, por essa mistura de fantasia com realidade e com essa identificação que esse formato de programa passa para o público pode sim fazer com que as pessoas, principalmente as crianças e os jovens, sejam influenciadas pelo que acontece nessas atrações”, afirma Leila, que ressalta “querer entrar na história de moralidade e religião” com a repercussão da nota dos bispos.
A culpa não é da TV
Para a psicóloga não se pode culpar os canais de TV que investem em reality show. Leila diz que esses programas são exibidos porque agradam os telespectadores do País. No entanto, a professora diz que não consegue ter explicações para justificar o fato de o “Big Brother”, da TV Globo, ter chegado a 11ª edição no Brasil.
“A culpa não é da televisão, ela não obriga a assistir nada e ainda sempre temos o controle remoto na mão. O fato é que a TV coloca no ar o que o povo quer assistir”, declara a professora da Faculdade de Psicologia da USP.BanalizaçãoMesmo ao afirmar que o formato desses programas só permanece no Brasil porque caiu no gosto popular, Leila se diz preocupada pela banalização promovida pelos reality shows, que “abusam de sensualidade, permissividade e liberalidade”.
“É preocupante essa situação até pela posição de colocar as pessoas que participam desses programas em coisas. E é ruim quando a pessoa se transforma em coisa”, complementa Leila.
Anderson Scardoelli
Fonte: fndc.org.br

NOTA DA CNBB SOBRE ÉTICA E PROGRAMAS DE TV

Têm chegado à CNBB diversos pedidos de uma manifestação a respeito do baixo nível moral que se verifica em alguns programas das emissoras de televisão, particularmente naqueles denominados Reality Shows, que têm o lucro como seu principal objetivo.
Nós, bispos do Conselho Episcopal Pastoral (CONSEP), reunidos em Brasília, de 15 a 17 de fevereiro de 2011, compreendendo a gravidade do problema e em atenção a esses pedidos, acolhendo o clamor de pessoas, famílias e organizações, vimos nos manifestar a respeito.
Destacamos primeiramente o papel desempenhado pela TV em nosso País e os importantes serviços por ela prestados à Sociedade. Nesse sentido, muitos programas têm sido objeto de reconhecimento explícito por parte da Igreja com a concessão do Prêmio Clara de Assis para a Televisão, atribuído anualmente.
Lamentamos, entretanto, que esses serviços, prestados com apurada qualidade técnica e inegável valor cultural e moral, sejam ofuscados por alguns programas, entre os quais os chamados reality shows, que atentam contra a dignidade de pessoa humana, tanto de seus participantes, fascinados por um prêmio em dinheiro ou por fugaz celebridade, quanto do público receptor que é a família brasileira.
Cônscios de nossa missão e responsabilidade evangelizadoras, exortamos a todos no sentido de se buscar um esforço comum pela superação desse mal na sociedade, sempre no respeito à legítima liberdade de expressão, que não assegura a ninguém o direito de agressão impune aos valores morais que sustentam a Sociedade.
Dirigimo-nos, antes de tudo, às emissoras de televisão, sugerindo-lhes uma reflexão mais profunda sobre seu papel e seus limites, na vida social, tendo por parâmetro o sentido da concessão que lhes é dada pelo Estado.
Ao Ministério Público pedimos uma atenção mais acurada no acompanhamento e adequadas providências em relação à programação televisiva, identificando os evidentes malefícios que ela traz em desrespeito aos princípios basilares da Constituição Federal (Art. 1º, II e III).
Aos pais, mães e educadores, atentos a sua responsabilidade na formação moral dos filhos e alunos, sugerimos que busquem através do diálogo formar neles o senso crítico indispensável e capaz de protegê-los contra essa exploração abusiva e imoral.
Por fim, dirigimo-nos também aos anunciantes e agentes publicitários, alertando-os sobre o significado da associação de suas marcas a esse processo de degradação dos valores da sociedade.
Rogamos a Deus, pela intercessão de Nossa Senhora Aparecida, luz e proteção a todos os profissionais e empresários da comunicação, para que, usando esses maravilhosos meios, possamos juntos construir uma sociedade mais justa e humana.
Brasília, 17 de fevereiro de 2011
Dom Geraldo Lyrio Rocha
Arcebispo de Mariana
Presidente da CNBB
Dom Luiz Soares Vieira
Arcebispo de Manaus
Vice-Presidente da CNBB
Dom Dimas Lara Barbosa
Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro
Secretário Geral da CNBB.
Fonte: CNBB

Nenhum comentário:

Postar um comentário