domingo, 26 de fevereiro de 2012

CAMPANHA DA FRATERNIDADE – 2012


Tema: Fraternidade e Saúde Pública
Lema: Que a S A Ú D E se difunda sobre a TERRA

Apresentação - CF 2012

A quaresma é o caminho que nos leva ao encontro do Crucifica¬do-ressuscitado. Caminho, porque processo existencial, mudança de vida, transformação da pessoa que recebeu a graça de ser discípulo-missionário. A oração, o jejum e a esmola indicam o processo de abertura necessária para sermos tocados pela grandeza da vida nova que nasce da cruz e da ressurreição.
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) promove a Campanha da Fraternidade, desde o ano de 1964, como itinerário evangelizador para viver intensamente o tempo da quaresma.
A Igreja deseja sensibilizar a todos sobre a dura realidade de irmãos e irmãs que não têm acesso à assistência de Saúde Pública condizente com suas necessidades e dignidade. A conversão pede que as estruturas de morte sejam transformadas.
Toda a ação eclesial brota de Jesus Cristo e se volta para Ele e para o Reino do Pai.
Esta perspectiva norteia as novas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora. Ela é condição para que, na Igreja, aconteça uma conversão pastoral que a coloque em estado permanente de missão, com o advento de inúmeros discípulos missionários, enraizados em critérios sólidos para ver, julgar e agir no enfrentamento dos problemas concretos e urgentes da vida de nosso povo.

Introdução

A CF 2012 visa a saúde integral. Há muito tempo, ela vem sendo considerada a principal preocupação e pauta reivindicatória da população brasileira, no campo das políticas públicas.
O SUS (Sistema Único de Saúde), inspirado em belos princípios como o da universalidade, cuja proposta é atender a todos, indiscriminadamente, deveria ser modelo para o mundo. No entanto, ele ainda não conseguiu ser implantado em sua totalidade e ainda não atende a contento, sobretudo os mais necessitados destes serviços.

OBJETIVO GERAL

Refletir sobre a realidade da saúde no Brasil em vista de uma vida saudável, suscitando o espírito fraterno e comunitário das pessoas na atenção aos enfermos e mobilizar por melhoria no sistema público de saúde.

Objetivos Específicos

a. Disseminar o conceito de bem viver e sensibilizar para a prá¬tica de hábitos de vida saudável;
b. sensibilizar as pessoas para o serviço aos enfermos, o supri¬mento de suas necessidades e a integração na comunidade;
c. alertar para a importância da organização da pastoral da Saúde nas comunidades: criar onde não existe, fortalecer onde está incipiente e dinamizá-la onde ela já existe;
d. difundir dados sobre a realidade da saúde no Brasil e seus desafios, como sua estreita relação com os aspectos socio¬culturais de nossa sociedade;
e. despertar nas comunidades a discussão sobre a realidade da saúde pública, visando à defesa do SUS e a reivindicação do seu justo financiamento;
f. qualificar a comunidade para acompanhar as ações da gestão pública e exigir a aplicação dos recursos públicos com transparência, especialmente na saúde.

Primeira parte: Fraternidade e a Saúde Pública.
Segunda parte: Que a Saúde se difunda sobre a Terra.
Terceira parte: Indicações para a Ação transformadora no Mundo da Saúde.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

PRIMEIRO DOMINGO DA QUARESMA

Foto: Google
Dia: 26/02/2012
Primeira Leitura: Gênesis 9, 8-15
Leitura do livro do Gênesis - Naqueles dias, Disse também Deus a Noé e as seus filhos: "Vou fazer uma aliança convosco e com vossa posteridade, 1assim como com todos os seres vivos que estão convosco: as aves, os animais domésticos, todos os animais selvagens que estão convosco, desde todos aqueles que saíram da arca até todo animal da terra. Faço esta aliança convosco: nenhuma criatura será destruída pelas águas do dilúvio, e não haverá mais dilúvio para devastar a terra." Deus disse: "Eis o sinal da aliança que eu faço convosco e com todos os seres vivos que vos cercam, por todas as gerações futuras: Ponho o meu arco nas nuvens, para que ele seja o sinal da aliança entre mim e a terra. Quando eu tiver coberto o céu de nuvens por cima da terra, o meu arco aparecerá nas nuvens, e me lembrarei da aliança que fiz convosco e com todo ser vivo de toda espécie, e as águas não causarão mais dilúvio que extermine toda criatura. - Palavra do Senhor.
Salmo Responsorial(24)
REFRÃO: Verdade e amor são os caminhos do Senhor.
1. Senhor, mostrai-me os vossos caminhos, e ensinai-me as vossas veredas. Dirigi-me na vossa verdade e ensinai-me, porque sois o Deus de minha salvação e em vós eu espero sempre. - R.
2. Lembrai-vos, Senhor, de vossas misericórdias e de vossas bondades, que são eternas. Não vos lembreis dos pecados de minha juventude e dos meus delitos; em nome de vossa misericórdia, lembrai-vos de mim, por causa de vossa bondade, Senhor. - R.
3. O Senhor é bom e reto, por isso reconduz os extraviados ao caminho reto. Dirige os humildes na justiça, e lhes ensina a sua via. - R.
Segunda Leitura: 1º Pedro 3, 18-22
Leitura da primeira carta de São Pedro - Caríssimos, 1Pois também Cristo morreu uma vez pelos nossos pecados - o Justo pelos injustos - para nos conduzir a Deus. Padeceu a morte em sua carne, mas foi vivificado quanto ao espírito. É neste mesmo espírito que ele foi pregar aos espíritos que eram detidos no cárcere, àqueles que outrora, nos dias de Noé, tinham sido rebeldes, quando Deus aguardava com paciência, enquanto se edificava a arca, na qual poucas pessoas, isto é, apenas oito se salvaram através da água. Esta água prefigurava o batismo de agora, que vos salva também a vós, não pela purificação das impurezas do corpo, mas pela que consiste em pedir a Deus uma consciência boa, pela ressurreição de Jesus Cristo. Esse Jesus Cristo, tendo subido ao céu, está assentado à direita de Deus, depois de ter recebido a submissão dos anjos, dos principados e das potestades. - Palavra do Senhor.
Evangelho: Marcos 1, 12-15
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Marcos - Naquele tempo, 12E logo o Espírito o impeliu para o deserto. Aí esteve quarenta dias. Foi tentado pelo demônio e esteve em companhia dos animais selvagens. E os anjos o serviam. Depois que João foi preso, Jesus dirigiu-se para a Galiléia. Pregava o Evangelho de Deus, e dizia: "Completou-se o tempo e o Reino de Deus está próximo; fazei penitência e crede no Evangelho." - Palavra da salvação.

Dicas para reflexão
Celebramos o 1º domingo da Quaresma. Muitos jovens nem sabem o que é a Quaresma. Nem sequer sabem de onde vem o carnaval, antiga festa do fim do inverno (no hemisfério norte) que, na cristandade, se tornou a despedida da fartura antes de iniciar o jejum da Quaresma.
A Quaresma (do latim quadragesima) significa um tempo de 40 dias vivido na proximidade do Senhor, na entrega a Deus. Depois de batizado por João Batista no rio Jordão, Jesus se retirou ao deserto de Judá e jejuou durante 40 dias, preparando-se para anunciar o reino de Deus. Vivia no meio das feras, mas os anjos de Deus cuidavam dele. Preparando-se desse modo, Jesus assemelha-se a Moisés, que jejuou durante 40 dias no monte Horeb (Ex. 24,18; 34,28; Dt. 9,11 etc.), e a Elias, que caminhou 40 dias, alimentado pelos corvos, até chegar a essa montanha (1Rs 19,8). O povo de Israel peregrinou durante 40 anos pelo deserto (Dt. 2,7), alimentado pelo Senhor.
Na Quaresma, deixamos para trás as preocupações mundanas e priorizamos as de Deus. Vivemos numa atitude de volta para Deus, de conversão. Isso não consiste necessariamente em abster-se de pão, mas sobretudo em repartir o pão com o faminto e em todas as demais formas de justiça. Tal é o verdadeiro jejum (Is. 58,6-8).
A Igreja, desde seus inícios, viu nos 40 dias de preparação de Jesus uma imagem da preparação dos candidatos ao batismo. Assim como Jesus, depois desses 40 dias, se entregou à missão recebida de Deus, os catecúmenos eram, depois de 40 dias de preparação, incorporados a Cristo pelo batismo, para participar da vida nova. O batismo era celebrado na noite da Páscoa, noite da ressurreição. E toda a comunidade vivia na austeridade material e na riqueza espiritual, preparando-se para celebrar a ressurreição.
A meta da Quaresma é a Páscoa, o batismo, a regeneração para uma vida nova. Para os que ainda não receberam o batismo – os catecúmenos –, isso se dá no sacramento do batismo na noite pascal; para os já batizados, na conversão que sempre é necessária em nossa vida cristã: daí o sentido da renovação do compromisso batismal e do sacramento da reconciliação nesse período.
Conversão e renovação, se preciso também arrependimento por nossas infidelidades, mas o tom principal é a alegria pela boa-nova e por Deus que, em Cristo, renova nossa vida.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2012

A Campanha da Fraternidade 2012 (CF - 12) será aberta na Quarta-feira de Cinzas
O secretário geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Leonardo Ulrich Steiner, abre, na Quarta-feira de Cinzas, 22, às 14h, na sede da Conferência, em Brasília (DF), a Campanha da Fraternidade-2012. O tema proposto para a Campanha deste ano é “Fraternidade e Saúde Pública” e o lema “Que a saúde se difunda sobre a terra”, tirado do livro do Eclesiástico.
O ministro da saúde, Alexandre Rocha Santos Padilha, confirmou sua presença. Além dele, participarão do ato de abertura da CF o sanitarista Nelson Rodrigues dos Santos; o Gestor de Relações Institucionais da Pastoral da Criança e membro do Conselho Nacional de Saúde, Clovis Boufleur, e o cirurgião e membro da equipe de assessoria da Pastoral da Saúde do Conselho Episcopal Latino-americano, André Luiz de Oliveira. O ato é aberto à imprensa.
A CF-2012 tem como objetivo geral
“refletir sobre a realdiade da saúde no Brasil em vista de uma vida saudável, suscitando o espírito fraterno e comunitário das pessoas na atenção aos enfermos e mobiliza por melhoria no sistema público de saúde”.Realizada desde 1964, a Campanha da Fraternidade mobiliza todas as comunidades catóilcas do país e procura envolver outros segmentos da sociedade no debate do tema escolhido. São produzidos vários materiais para uso das comunidades com destaque para o texto-base, produzido por uma equipe de especialistas.
A Campanha acontece durante todo o período da quaresma que, segundo o secretário geral da CNBB, dom Leonardo Steiner, “é o caminho que nos leva ao encontro do Crucificado-ressuscitado”.
Na apresentação do texto-base, dom Leonardo, eplica que, com esta Campanha da Fraternidade, a Igreja quer sensibilizar as pessoas sobre a “dura realidade de irmãos e irmãs que não têm acesso à assistência de saúde pública condizente com suas necessidades e dignidade”.
Fonte: CNBB

sábado, 18 de fevereiro de 2012

VII DOMINGO DO TEMPO COMUM

Dia: 19/02/2012
Primeira Leitura: Isaías 43, 18-19.21-22.24-25
Leitura do livro do profeta Isaías - Assim fala o Senhor: Não vos lembreis mais dos acontecimentos de outrora, não recordeis mais as coisas antigas, porque eis que vou fazer obra nova, a qual já surge: não a vedes? Vou abrir uma via pelo deserto, e fazer correr arroios pela estepe. o povo, que formei para mim, contará meus feitos. No entanto, não foste tu que me chamaste, Jacó, tu não te fatigaste por mim, Israel. Não me compraste, a preço alto, cana perfumada, nem me fartaste com a gordura das vítimas. Mas me atormentaste com teus pecados, cansaste-me com tuas iniqüidades. 25Sempre sou eu quem deve apagar tuas faltas, e não mais me lembrar de teus pecados. - Palavra do Senhor.
Salmo Responsorial(40)
REFRÃO: Curai-me, Senhor, pois pequei contra vós!
1. Feliz quem se lembra do necessitado e do pobre, porque no dia da desgraça o Senhor o salvará. O Senhor há de guardá-lo e o conservará vivo, há de torná-lo feliz na terra e não o abandonará à mercê de seus inimigos. - R.
2. O Senhor o assistirá no leito de dores, e na sua doença o reconfortará. Quanto a mim, eu vos digo: Piedade para mim, Senhor; sarai-me, porque pequei contra vós. - R.
3. Vós, porém, me conservareis incólume, e na vossa presença me poreis para sempre. Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, de eternidade em eternidade! Assim seja! Assim seja! - R.
Segunda Leitura: 1º Coríntios 1, 18-22
Leitura da segunda carta de São Paulo aos Coríntios - Irmãos, A linguagem da cruz é loucura para os que se perdem, mas, para os que foram salvos, para nós, é uma força divina. Está escrito: Destruirei a sabedoria dos sábios, e anularei a prudência dos prudentes (Is 29,14). Onde está o sábio? Onde o erudito? Onde o argumentador deste mundo? Acaso não declarou Deus por loucura a sabedoria deste mundo? Já que o mundo, com a sua sabedoria, não reconheceu a Deus na sabedoria divina, aprouve a Deus salvar os que crêem pela loucura de sua mensagem. Os judeus pedem milagres, os gregos reclamam a sabedoria; - Palavra do Senhor.

Evangelho: Marcos 2, 1-12
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Marcos - Naquele tempo, Alguns dias depois, Jesus entrou novamente em Cafarnaum e souberam que ele estava em casa. Reuniu-se uma tal multidão, que não podiam encontrar lugar nem mesmo junto à porta. E ele os instruía. Trouxeram-lhe um paralítico, carregado por quatro homens. Como não pudessem apresentar-lho por causa da multidão, descobriram o teto por cima do lugar onde Jesus se achava e, por uma abertura, desceram o leito em que jazia o paralítico. Jesus, vendo-lhes a fé, disse ao paralítico: "Filho, perdoados te são os pecados." Ora, estavam ali sentados alguns escribas, que diziam uns aos outros: "Como pode este homem falar assim? Ele blasfema. Quem pode perdoar pecados senão Deus?" Mas Jesus, penetrando logo com seu espírito nos seus íntimos pensamentos, disse-lhes: "Por que pensais isto nos vossos corações? Que é mais fácil dizer ao paralítico: Os pecados te são perdoados, ou dizer: Levanta-te, toma o teu leito e anda? 1Ora, para que conheçais o poder concedido ao Filho do homem sobre a terra (disse ao paralítico), eu te ordeno: levanta-te, toma o teu leito e vai para casa." No mesmo instante, ele se levantou e, tomando o leito, foi-se embora à vista de todos. A, multidão inteira encheu-se de profunda admiração e puseram-se a louvar a Deus, dizendo: "Nunca vimos coisa semelhante." - Palavra da salvação.

A autoridade de Jesus e o pecado

Um sinal é um objeto ou um fato que significam outra coisa. Geralmente, a gente já pode ver algo do significado no próprio sinal: a doença no sintoma, a felicidade no sorriso, levando em conta que os sintomas podem ser traiçoeiros e os sorrisos, falsos.
No evangelho de hoje, presenciamos um típico “sinal” de Jesus, e esse sinal nos faz entender o sentido dos outros sinais dele. Quando se esperava que Jesus curasse o aleijado, Jesus o perdoou – coisa que não foi nem poderia ter sido pedida, pois, para perdoar, era preciso uma “autoridade” especial, que só Deus tem (cf. 1ª leitura). Arrogando-se tal autoridade, Jesus não comete blasfêmia, como pensam os escribas, mas revela sua verdadeira missão, que transparece na “autoridade” que o povo observou nele (cf. 2,12): “Para que saibais que o Filho do homem tem autoridade na terra...”.
Naqueles tempos de esperança apocalíptica, esperava-se vingança, condenação, fogo. Mas Deus tem outros meios para sanar a situação. A 1ª leitura lembra a situação de Israel no exílio babilônico. Aí Deus resolveu jogar longe de si o pecado com o qual o povo o cansara. Resolveu trazer Israel de volta à sua terra, mas isso não serviria para nada se, primeiro, o povo não “voltasse” interiormente. Precisava de perdão como de uma nova criação.
Entendemos, assim, melhor a “autoridade” escatológica que se manifesta em Jesus; não apenas um poder judicial, mas um eflúvio do poder criador. O último juízo é uma nova criação: “Eis que faço tudo novo” (AP. 21,5). O comportamento verdadeiramente divino para com a criatura não é destruí-la, mas reconstruí-la e recriá-la; Deus não quer a morte do pecador, e sim que se converta e viva (Ez. 18,23). Por isso, o Filho do homem não vem destruir, mas perdoar. A “autoridade” que ele recebeu de Deus é marcada por aquela outra qualidade de Deus, mais característica: a “misericórdia” (cf. Mc. 1,41; 6,34 etc.).
A 2ª leitura é tomada do início da 2ª carta aos Coríntios. Paulo se defende da acusação de inconstância. Ele deve explicar por que lhes prometera uma visita e não a realizou. A razão não é inconstância. O “sim” de Deus é “sim” mesmo, e assim deve ser também o “sim” do apóstolo, cuja atuação deve ilustrar o conteúdo de sua pregação. Sua firmeza é dom divino, não mérito humano. E esse dom é muito útil para nosso tempo, em que a inconstância é alçada a modelo cultural e econômico.

1ª leitura (Is. 43,18-19.21-22.24b-25)

A história de Israel nos mostra a justiça de Deus, mas também a fidelidade de seu amor. Aliás, a justiça faz parte do amor. Is. 43,18-21 é uma mensagem ao povo exilado, que não sabe se tem ainda um porvir. Nos versículos 22-25, o profeta deixa Deus desabafar: Israel cansou-se de procurá-lo e, com seus pecados, cansou-o. Poderia esperar de Deus vingança, condenação, fogo. Mas Deus tem outros meios para sanar a situação. O povo, exilado na Babilônia, estava no desespero. Aí, Deus resolveu jogar longe de si o pecado com o qual o povo o cansara (em vez de não se cansar de procurar Deus!): “Não mais me lembrarei de teus pecados” (Is. 43,22-25). Este é o juízo no qual Deus sai vencedor (43,26): ele perdoa! Deus queria trazer Israel de volta à sua terra; mas isso não serviria para nada se o povo, primeiro, não “voltasse” interiormente. Precisava de perdão, como de uma nova criação.
Deus mesmo agirá, abrirá um caminho pelo deserto, como no tempo do êxodo, e seu povo poderá de novo proclamar sua glória.

Evangelho (Mc. 2,1-12)

A aclamação ao evangelho lembra Lc. 4,18-19 (“O Senhor me enviou para levar a boa-nova”). O exercício do “poder-autoridade” inerente à missão de Jesus (cf. domingos anteriores) começa a revelar sua verdadeira personalidade: ele perdoa o pecado – o que só Deus pode – e comprova sua autoridade pelo sinal da cura do aleijado. Esse sinal nos faz entender também o sentido dos outros sinais. A história do paralítico começa como uma cura um tanto pitoresca: um homem é baixado pelo teto diante dos pés de Jesus, porque a multidão entupia a porta. Mas, onde a gente esperava uma cura, Jesus faz o que nem foi pedido: perdoa. Também não poderia ter sido pedido a Jesus, pois perdoar, só Deus o pode (cf. 1ª leitura). Por isso, “as autoridades” acusam Jesus de blasfêmia. Na verdade, porém, não é blasfêmia, senão a revelação da verdadeira missão de Jesus, que transparecia na “autoridade” que o povo observou nele (cf. 2,12): “Para que vejais que o Filho do homem tem autoridade na terra...”.
Todos os termos são importantes: “Filho do homem” é a figura celestial de Dn. 7,13-14, a quem é dada a “autoridade”, não lá no céu, mas aqui “na terra”, na execução da intervenção escatológica de Deus. É a hora do Juízo, aqui na terra. Mas esse Juízo não serve para destruir os impérios, como em Dn. 7, e sim para perdoar e restaurar, pois Deus não quer a morte; pelo contrário, como Pai e criador, renova a vida. O sinal que Jesus faz significa: “Para que vejais que tenho esta autoridade (e agora fala ao paralítico): Levanta-te, toma tua cama e anda”. Não sabemos nada do pecado do homem; o importante é ser ele destinatário e ocasião de uma revelação do amor criador do Pai em Jesus, que exerce o poder do Filho do homem de modo inesperado, aqui na terra. “Jamais vimos tal coisa”, exclama o povo.

2ª leitura (2Cor. 1,18-22)

Esta leitura é tomada do início da 2ª carta aos Coríntios. Os coríntios sentiam-se magoados porque Paulo lhes anunciara uma visita que não executou (cf.1Cor. 16,5) em decorrência dos problemas na comunidade (1,23-2,4). Acusam-no de ser inconstante, mas ele se defende (1,17), pois não é apenas sua pessoa que é alvo de crítica, mas também o evangelho que ele apregoa. Os destinatários devem reconhecer no mensageiro o absoluto “sim” de Deus: Jesus Cristo. Mas então também a vida dos fiéis, selada pelo Espírito, deve deixar transparecer esse “sim”.
Paulo se defende da acusação de inconstância. Ele deve explicar por que lhes prometera uma visita e não a realizou. Não por inconstância. O “sim” de Deus é “sim” mesmo, e assim deve ser também o “sim” do apóstolo. A razão é que Paulo não quis visitar os coríntios com o coração magoado por causa das polêmicas que alguém lá estava conduzindo contra ele. Portanto, o adiamento da visita confirmava o “sim” do carinho de seu coração. Este era constante. Paulo atribui sua firmeza a Deus, que nos sela com o Espírito. Sua firmeza é dom divino, não mérito humano. É graça. Nestes tempos de inconstância, consumismo e alta rotatividade, convém pedir a Deus o dom da firmeza, para amar e servir de modo coerente e para resistir à injustiça, sobretudo àquela que se aninha na própria estrutura da sociedade.

Dicas para reflexão

No domingo passado, Marcos nos mostrou Jesus como possuidor do poder de superar a marginalização (do doente de lepra). Hoje, mostra-o vencendo uma exclusão pior: a do pecado (evangelho). Jesus é mais que um curandeiro. Ele tem poder sobre o pecado. Ele é o “Filho do homem”. O que ele veio fazer não era tanto tirar as doenças físicas, mas expulsar o pecado. Deus já não quer nem se lembrar do pecado do povo (1ª leitura). Curar, até os médicos conseguem. Perdoar, só Deus… e o Filho, que executa sua vontade.
Também o povo messiânico, como se concebe a Igreja, deve em primeiro lugar combater o pecado, ora denunciando, ora perdoando – nunca tapeando. Deve apontar o mal fundamental que está no coração das pessoas e na própria estrutura da sociedade. Para mostrar que tem moral para fazer isso, servem os sinais: dar o exemplo, aliviar a miséria material do mundo, lutar por estruturas justas, por mais humanidade, por tudo o que cure e enobreça os filhos e filhas de Deus. O empenho para melhorar, em todos os sentidos, a vida das pessoas autoriza a Igreja a denunciar o mal moral e a urgir a terapia adequada, que é a conversão das pessoas e da sociedade.
A sociedade, hoje, mostra descaradamente que pretende solucionar os problemas materiais pela via do cinismo, pelo poder do mais forte. A própria medicina não hesita em se autopromover à custa da ética, recondicionando a casca, mas deixando apodrecer os valores pessoais por dentro. Há quem ache que a Igreja deveria primeiro melhorar as condições materiais, a saúde, a cultura etc., para dar maior “base” à sua mensagem “espiritual”. Mas Jesus pronuncia primeiro o perdão do pecado e depois mostra ter poder para tratar da enfermidade material. O mais urgente é livrar as pessoas do mal fundamental, o pecado. Então, a libertação total deitará raízes num chão livre da erva daninha do pecado.
Fonte: padrefelix.com.br

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

CARNAVAL E QUARESMA

Estes são dias de carnaval. Ele ocupa o final de semana, mas também o início da outra. Na verdade, o calendário assinala a terça-feira como seu limite. Mas já faz tempo que o carnaval ampliou seu espaço.
A antecipação do carnaval não causa tanto problema. Mas quando ele se prolonga além da terça-feira, então sim, se cria o impasse. A razão é evidente. De quarta-feira em diante, o espaço é destinado à quaresma. E se ela é invadida pelo carnaval, ele próprio começa a se desfigurar. Pois ele nasceu para servi de alerta quando o tempo da quaresma está chegando. E se ele próprio desrespeita este tempo, acaba perdendo sua fisionomia própria.
Sempre é bom recuperar as intenções originais das tradições que se firmam em nossa cultura. Pois nelas redescobrimos o sentido verdadeiro dos eventos tradicionais.
Pois bem, a história comprova com suficiente clareza que o carnaval foi suscitado pela própria quaresma. Foi a expectativa da quaresma despertou uma celebração secundária, que tomava sentido e recebia data a partir da quaresma.
Por isto, a contagem do carnaval é regressiva. Vamos “descontando” os dias que faltam para a quaresma.

Ao passo que a contagem da quaresma é progressiva, vamos “contando” os quarenta dias até entrarmos na Semana Santa.
Nesta perspectiva, havia uma estreita integração, entre carnaval e quaresma. A expectativa da quaresma, na medida de sua intensidade, justificava uma intensa celebração, feita em vista de entrar no tempo ansiosamente aguardado.
É fácil, então, compreender que na medida que o carnaval foi se dissociando de sua intenção original, foi adquirindo outra identidade. Mesmo que no calendário as duas efemérides continuem próximas, elas foram se afastando progressivamente na sua índole e na sua fisionomia cultural.
Assim, o carnaval assumiu identidade própria, sem depender da quaresma. E´ preciso dar-se conta disto, para avaliar hoje a realidade do carnaval. Com a quaresma, ele só tem em comum a proximidade no calendário.
Mas sempre é possível reatar as referências entre as duas celebrações. Ainda mais agora, com um número mais extenso dos dias do carnaval, podemos colocar estes dias a serviço de uma boa programação, onde inclusive antecipar os apelos que a quaresma continua nos fazendo.
A recomendação da Sabedoria nos dá uma boa receita para estes dias: “E´ na oração e nos descanso que está a vossa força”.
Se olhamos não só a quaresma que vem chegando, mas o ano todo que temos pela frente, bendito o carnaval, se ele nos proporciona refazer nossas forças pela oração e o descanso, para enfrentar os compromissos e os desafios, que este ano de 2012 nos apresenta.
Na diocese, fizemos nossa reunião de reinício das atividades pastorais. Em nossos planos, entrou a quaresma, que vem sempre acompanhada da Campanha da Fraternidade. Mas entraram na agenda também os dias de carnaval. Garantindo que as celebrações aconteçam neste final de semana. Mas também programando estes dias para que nos proporcionem novas energias pelo descanso, pela oração e pela alegria do convívio fraterno. Nesta perspectiva, que venha o carnaval, que compareça a quaresma, e que 2012 seja de fato um “ano da graça do Senhor”!
Fonte:
Dom Demétrio Valentini, bispo de Jales (SP) e ex-presidente da Cáritas Brasileira

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

CIDADE DE FREI PIO DE PIETRELCINA SEDIA SEMANA INTERNACIONAL DA RECONCILIAÇÃO, PROMOVIDA PELOS CAPUCHINHOS

A Cúria-geral dos Frades Menores Capuchinhos promove, a partir desta segunda-feira, em San Giovanni Rotondo (sul da Itália), a II Semana internacional da Reconciliação, sobre o tema: "O Sacramento da Reconciliação e a Nova Evangelização – tempo de reflexão e de formação para os presbíteros".
Este tema será analisado a partir de três aspectos: bíblico, teológico e pastoral, com a contribuição, entre outros, do Arcebispo indiano de Guwahati, Dom Thomas Menamparampil. A abertura será feita pelo Presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, Dom Rino Fisichella.
Na cidade de Padre Pio, haverá uma sessão dedicada à evangelização do Santo através do confessional. A Semana é aberta aos capuchinhos e a todos os sacerdotes religiosos seculares.
O tema do encontro se insere no contexto da realização, em outubro próximo, no Vaticano, do Sínodo sobre a Nova Evangelização, convocado por Bento XVI.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

VI DOMINGO DO TEMPO COMUM
12 DE FEVEREIRO DE 2012

Primeira Leitura: 2º Reis 5, 9-14
Leitura do segundo livro dos Reis - Naqueles dias, Naamã veio com seu carro e seus cavalos e parou à porta de Eliseu. Este mandou-lhe dizer por um mensageiro: Vai, lava-te sete vezes no Jordão e tua carne ficará limpa. Naamã se foi, despeitado, dizendo: Eu pensava que ele viria em pessoa, e, diante de mim, invocaria o Senhor, seu Deus, poria a mão no lugar infetado e me curaria da lepra. Porventura os rios de Damasco, o Abana e o Farfar, não são melhores que todas as águas de Israel? Não me poderia eu lavar neles e ficar limpo? E, voltando-se, retirou-se encolerizado. Mas seus servos, aproximando-se dele, disseram-lhe: Meu pai, mesmo que o profeta te tivesse ordenado algo difícil, não o deverias fazer? Quanto mais agora que ele te disse: Lava-te e serás curado. Naamã desceu ao Jordão e banhou-se ali sete vezes, como lhe ordenara o homem de Deus, e sua carne tornou-se tenra como a de uma criança. - Palavra do Senhor.
Salmo Responsorial (31)
REFRÃO: Sois, Senhor, para mim, alegria e refúgio.
1. De Davi. Hino. Feliz aquele cuja iniqüidade foi perdoada, cujo pecado foi absolvido. Feliz o homem a quem o Senhor não argúi de falta, e em cujo coração não há dolo. - R.
2. Então eu vos confessei o meu pecado, e não mais dissimulei a minha culpa. Disse: Sim, vou confessar ao Senhor a minha iniqüidade. E vós perdoastes a pena do meu pecado. - R.
3. De Davi. Hino. Feliz aquele cuja iniqüidade foi perdoada, cujo pecado foi absolvido. - R.
Segunda Leitura: 1º Coríntios 10, 31-33; 11, 1
Leitura da primeira carta de São Paulo aos Coríntios - Naqueles dias, Portanto, quer comais quer bebais ou façais qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus. Não vos torneis causa de escândalo, nem para os judeus, nem para os gentios, nem para a Igreja de Deus. Fazei como eu: em todas as circunstâncias procuro agradar a todos. Não busco os meus interesses próprios, mas os interesses dos outros, para que todos sejam salvos. 1Tornai-vos os meus imitadores, como eu o sou de Cristo. - Palavra do Senhor.
Evangelho: Marcos 1, 40-45
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Marcos - Naquele tempo, Aproximou-se dele um leproso, suplicando-lhe de joelhos: "Se queres, podes limpar-me." Jesus compadeceu-se dele, estendeu a mão, tocou-o e lhe disse: "Eu quero, sê curado." E imediatamente desapareceu dele a lepra e foi purificado. Jesus o despediu imediatamente com esta severa admoestação: "Vê que não o digas a ninguém; mas vai, mostra-te ao sacerdote e apresenta, pela tua purificação, a oferenda prescrita por Moisés para lhe servir de testemunho." Este homem, porém, logo que se foi, começou a propagar e divulgar o acontecido, de modo que Jesus não podia entrar publicamente numa cidade. Conservava-se fora, nos lugares despovoados; e de toda parte vinham ter com ele. - Palavra da salvação.

A autoridade de Jesus e a marginalização
A liturgia de domingo passado mostrou que Jesus não se deixou “privatizar” pela população de Cafarnaum, mas seguiu sua vocação para ir a outras cidades também. Hoje vemo-lo saindo para a margem da sociedade, para os lugares desertos onde viviam aqueles que na época eram chamados leprosos. Estes eram intocáveis, tabu! Jesus quebra esse tabu e, no fim, acaba ocupando o lugar do doente, nos “lugares desertos”.
Como nos evangelhos anteriores, vemos aqui uma indicação velada da personalidade de Jesus. Autoridade e compaixão, duas qualidades dificilmente compatíveis no ser humano, são as feições divinas que se deixam entrever no agir de Jesus. E revela-se sua superioridade em relação à Lei, segundo a qual Jesus não poderia tocar no leproso. Ele não depende da Lei para realizar o bem da pessoa. Por autoridade própria, reintegra o ser humano que a letra da Lei marginaliza.
Este tema convida a uma catequese sobre a reintegração dos que são marginalizados. Para que nós, como membros do Cristo, possamos realmente vencer a marginalização, será preciso agir com uma autoridade que esteja acima das convenções constrangedoras do sistema em que vivemos. Precisamos encarnar, de modo operante, essa compaixão reintegradora, neutralizando os mecanismos de marginalização e exclusão com a força divina da verdadeira solidariedade, baseada no amor.

A 2ª leitura continua o tema de domingo passado, sobre as carnes oferecidas aos ídolos. Paulo se apresenta a si mesmo como exemplo, pois o pregador deve ser a ilustração daquilo que prega. O apóstolo quer agradar a todos, não para lograr sucesso pessoal, mas para o bem de todos, a fim de que se deixem atrair por Cristo. Este texto é uma das mais lindas exortações que a Bíblia contém.
1ª leitura (2Rs. 5,9-14)
Para ilustrar o tema do evangelho de hoje, a liturgia propõe (como leitura opcional) a cura do general sírio Naamã pelo profeta Eliseu. A leitura nos mostra o horror que a doença causa nesse homem de destaque, a ponto de procurar um profeta em terra estrangeira, em Israel. O recorte litúrgico não inclui a descrição dos ricos presentes que o homem trouxe para o profeta e que realçam ainda mais o seu status. Menciona, sim, o orgulho de Naamã, que julga pouca coisa banhar-se no rio Jordão, um riacho, em comparação com os rios da capital de sua terra, Damasco. Mas, aconselhado pelos servos, o homem banha-se, assim mesmo, no rio Jordão e fica curado: “sua carne tornou-se semelhante à de uma criancinha”.
Em Israel, a lepra causava exclusão da comunidade e suspeita de algum pecado. Em contraste, o salmo responsorial (Sl. 32/31,1-2.5.11) canta a alegria de ser perdoado e readmitido.
Evangelho (Mc. 1,40-45)

O canto de aclamação ao evangelho fala de Deus que visita o seu povo (Lc. 7,16). É isso que acontece quando Jesus vai aos lugares ermos, onde encontra um leproso bem diferente do da 1ª leitura, Naamã. Este procurou Eliseu com pompa e vaidade. No evangelho, Jesus mesmo vai até o lugar onde o doente vive excluído, marginalizado. No exercício da “autoridade” divina sobre as forças do mal e, ao mesmo tempo, levado por uma compaixão humana que não deixa de ser divina, Jesus quebra o tabu da lepra, toca o doente e faz desaparecer a enfermidade. Na opinião do povo, a lepra devia ser obra de algum espírito muito ruim. Jesus quebra esse tabu. O doente reconhece em Jesus uma misteriosa “autoridade”, seu poder sobre os espíritos maus. “Se quiseres, tens o poder de me purificar” (Mc. 6,40). Jesus não pensa nas severas restrições da Lei, só sente compaixão, aquela qualidade divina que ele encarna. Apesar da proibição da Lei, toca no doente de lepra, dizendo: “Eu quero, sê purificado”. E a cura sucede. Jesus dá um sinal do reino. Se ele cura pelo “poder-autoridade” do Filho do homem, não é preciso primeiro consultar os guardiões da Lei. Basta que, depois de receber o benefício de Deus, o doente ofereça o sacrifício de agradecimento, conforme o rito costumeiro.
Como aos exorcizados, Jesus proíbe ao ex-leproso publicar o que sua “autoridade” operou. Manda o homem oferecer o sacrifício prescrito, para oficializar sua reintegração na comunidade. Jesus lhe proíbe publicar o ocorrido, porque a publicidade desvia a percepção da verdadeira personalidade de Jesus (que não apenas cura, mas também assume o sofrimento humano). Mas o ex-leproso não é capaz de silenciar o fato. Quem conseguiria esconder tanta felicidade? O homem, até então marginalizado, encontrou a reintegração e aproveitou-a para contar o que lhe acontecera. Mais: Jesus foi ocupar o lugar do leproso nos “lugares desertos” (1,45).
Esse episódio faz pressentir a crescente e mortal oposição das autoridades religiosas: Jesus sabe o que é o bem do homem melhor do que a Lei, segundo a interpretação dos escribas. Por autoridade própria, reintegra a pessoa que a letra da Lei marginalizava. Restaura a comunhão com o excomungado, passando para trás os que tinham o monopólio da reintegração. Aceitar este Jesus significa aceitar alguém que supera as mais altas autoridades religiosas. Nesse sentido, a cura da lepra funciona como um sinal: significa que, de fato, Jesus está acima das prescrições legais e pode prescindir delas.

2ª leitura (1Cor. 10,31-11,1)
Ao fim da discussão sobre a carne consagrada aos ídolos (1Cor 8-10; cf. domingos anteriores), Paulo tira as conclusões práticas. Comprar carne desses banquetes no mercado, sem ninguém o saber, pode parecer sem importância (10,25). Se, porém, alguém o sabe e se escandaliza, então não se deve comer dessa carne, por amor ao fraco na fé (10,28-29), pois não seria possível comê-la agradecendo a Deus (10,30). Daí a atitude geral: fazer tudo de sorte que seja um agradecimento a Deus, o que acontece quando é para o bem dos outros. Por fim, Paulo atreve-se a apresentar-se como exemplo, sendo Cristo o exemplo dele (cf. 1Cor 11,1; Fl. 3,17).

Dicas para reflexão
A exclusão virou princípio da organização socioeconômica: a lei do mercado, da competitividade. Quem não consegue competir deve desaparecer, quem não consegue consumir deve sumir. Escondemos favelas por trás de placas publicitárias. Que os feios, os aleijados, os idosos, os doentes de Aids não poluam os nossos cartões-postais!
Em tempos idos, a exclusão muitas vezes provinha da impotência diante da enfermidade ou, também, da superstição. Em Israel, os chamados leprosos eram excluídos e marginalizados, como ilustra abundantemente a legislação de Lv 13-14. Enquanto não se tivesse constatado a cura, por complicado ritual, o doente de lepra era considerado impuro, intocável. Jesus, porém, toca no homem doente e o cura. Sinal do reino de Deus. Jesus torna o mundo mais conforme ao sonho de Deus, pois Deus não deseja sofrimento nem discriminação. O Antigo Testamento pode não ter encontrado outra solução para esses doentes contagiosos que a marginalização, mas Jesus mostra que um novo tempo começou.
Começou, mas não terminou. Reintegrar os marginalizados não foi uma fase passageira no projeto de Deus, como os presentinhos dos políticos nas vésperas das eleições. O plano messiânico continua por meio do povo messiânico. Devemos continuar inventando soluções para toda e qualquer marginalização, pois somos todos irmãos e irmãs.
Seremos impotentes para erradicar a exclusão, como os antigos israelitas em relação à lepra? Que fazer com os criminosos perigosos, viciados no crime? O fato de ter de marginalizar alguém é reconhecimento da inadequação de nossa sociedade. Toda forma de marginalização é denúncia contra nossa sociedade e ao mesmo tempo um desafio. Muito mais ainda em se tratando de pessoas inocentes. A marginalização é sinal de que não está acontecendo o que Deus deseja. Onde existe marginalização o reino de Deus ainda não chegou, pelo menos não completamente. E onde chega o reino de Deus, a marginalização já não deve existir. Por isso, Jesus reintegra os marginalizados, como é o caso do leproso, dos pecadores, publicanos, prostitutas… Essa reintegração está baseada no “poder-autoridade” que Jesus detém como enviado de Deus: “Se quiseres, tens o poder de me purificar” (Mc 1,40). Jesus passa por cima das prescrições levíticas, toca no leproso e “purifica-o” por sua palavra, em virtude da autoridade que lhe é conferida como “Filho do homem” (= “executivo” de Deus, cf. Mc. 2,10.28).
Há quem pense que os mecanismos autorreguladores do mercado são o fim da história, a realização completa da racionalidade humana. E os que são (e sempre serão) excluídos por esse processo, onde ficam? Não será tal raciocínio o de um varejista que se imagina ser o criador do universo? A liturgia de hoje nos mostra outro caminho, o de Jesus: solidarizar-se com os marginalizados, os excluídos, tocar naqueles que a “lei” proíbe tocar, para reintegrá-los, obrigando a sociedade a se abrir e criar estruturas mais acolhedoras, mais messiânicas.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

11 DE FEVEREIRO: DIA MUNDIAL DO ENFERMO

“Levanta-te e vai, a tua fé te salvou” (Lc 17, 19)Com essa citação de Jesus demonstrando que o sinal da cura ia mais além, o Papa Bento XVI inicia a sua mensagem para o XX Dia Mundial do Doente, celebrado no Dia de Nossa Senhora de Lourdes, dia 11 de fevereiro.
Para nós no Brasil, esse dia se reveste de maior solenidade ainda, pois estamos a poucos dias da abertura da Campanha da Fraternidade, que justamente nos demonstrará um dos aspectos da importante Pastoral da Saúde, que é a questão da saúde pública.
Além das visitas aos enfermos nas paróquias e nos hospitais, e das campanhas de esclarecimentos e de conscientização da responsabilidade pela saúde das pessoas, a preocupação com uma assistência sanitária digna do ser humano para todos os brasileiros clama nos corações de todos.
Neste dia, unimos a nossa reflexão para que as pessoas experimentem a diferença que faz a fé em suas vidas quando se defrontam com a fragilidade da doença e da dor.
O Papa recorda dos sacramentos “de cura”, ou seja, o “Sacramento da Penitência ou da Reconciliação, e o Sacramento da Unção dos Enfermos, que encontram o seu cumprimento natural na Comunhão Eucarística.”
O tema mundial escolhido visa também ao “Ano da Fé”, que deverá ser “ocasião propícia e preciosa para redescobrir a força e a beleza da fé”. O Papa recorda que “deseja encorajar os doentes e quantos sofrem a encontrar sempre uma âncora segura na fé, alimentada pela escuta da Palavra de Deus, da oração pessoal e dos Sacramentos”... (Veja matéria completa,
clicando aqui).

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

JOVENS EM MISSÃO

Primeira Missão Jovem da Paróquia São Francisco de Assis em alagoinhas - BA.

 
Domingo dia 12 de Fevereiro
na Comunidade São José do Petrolar

Ônibus saindo da Igreja de São Francisco às 09hs.

Todos são convidados.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

USO E ABUSO DO MICROFONE NA LITURGIA

O uso do microfone na liturgia ajuda ou atrapalha?
A resposta parece óbvia, mas reflitamos.
Em algumas celebrações, por exemplo, tenho assistido uma banda se apresentando e abusando o máximo do som, parece mais shows do que animação do canto litúrgico. Às vezes até sem se dar conta, grupos tem adotado uma pratica que se afasta da verdadeira função do canto litúrgico e prejudica a participação da assembleia.
Em Igrejas pequenas já vi mais de dez microfones para o grupo de canto, de forma que o canto do povo de Deus é completamente abafado.
Este é o verdadeiro problema. Um instrumento técnico, o microfone, deve servir para animar a assembléia e não para abafar, esconder, suprimir as vozes do povo santo que se reúne para cantar as maravilhas do Senhor.
Então não devemos mais usar o microfone? É óbvio que, na maioria de nossas igrejas, precisamos de microfones. Mas o grupo de cantores deve usar este instrumento APENAS para iniciar o canto. Para tanto, não bastaria um ou dois microfones?
A voz da assembleia deve sempre ser prioridade. O que deve ser ouvido é o canto da assembléia litúrgica, povo sacerdotal, família de Deus, Corpo de Cristo, e não a voz de uma, duas ou cinco pessoas apenas. Costumo aconselhar: pelo menos nos refrões os cantores devem afastar-se dos microfones para que a voz da assembleia sobressaia. Se bem que tenho visto muito cantores que executam o canto sozinho e não estão nem ai para a participação da assembleia.
O mesmo vale para os instrumentos musicais, às vezes, é som demais para uma pequena ou média capela. Infelizmente, o que muitas vezes se constata é um barulho (ruído) excessivo que perturba e tira a calma e a serenidade indispensáveis para que a assembléia possa ouvir a própria voz e tenha momentos de silêncio que favoreçam a escuta da Palavra e o louvor que brota de nosso coração agradecido.
Faça a experiência de ouvir como é bonito o som de um violão sem amplificação! O ideal seria mais violões e menos amplificadores.
Não quero aqui desconsiderar a boa vontade, o empenho e a solicitude de tantos e tantos animadores de cantos, músicos e instrumentistas de nossas comunidades. Eles são uma bênção para as nossas comunidades.
Mas alerto para certos exageros e aponto para a função específica deste ministério: “garantir a devida execução das partes que lhe são próprias, conforme os vários gêneros de canto, e auxiliar a ativa participação dos fiéis no canto” (Instrução Geral sobre o Missal Romano, n. 103).
Sem dúvida, o microfone ajuda e muito na nossa liturgia, mas usado inadequadamente também atrapalha até demais. Às vezes, o mau uso é por parte de muitos leitores e até de nós padres. Observemos como estamos usando os microfones e sons em nossas capelas e Igrejas! Se for preciso que se faça treinamento de uso de microfones!
Certamente se assim precedermos teremos celebrações mais orantes e mais participativas.Pe. José Renato Peixinho Cruz.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

5º DOMINGO DO TEMPO COMUM
Domingo, 05/02/2012

Primeira Leitura: Jó 7, 1-4.6-7
Encho-me de sofrimentos até ao anoitecer
Naqueles dias" 1A vida do homem sobre a terra é uma luta, seus dias são como os dias de um mercenário. 2Como um escravo que suspira pela sombra, e o assalariado que espera seu soldo, 3assim também eu tive por sorte meses de sofrimento, e noites de dor me couberam por partilha. 4Apenas me deito, digo: Quando chegará o dia? Logo que me levanto: Quando chegará a noite? E até a noite me farto de angústias. 6Meus dias passam mais depressa do que a lançadeira, e se desvanecem sem deixar esperança. 7Lembra-te de que minha vida nada mais é do que um sopro, de que meus olhos não mais verão a felicidade; - Palavra do Senhor.
Salmo Responsorial(146)
REFRÃO: Louvai a Deus, porque ele é bom e conforta os corações.
Ou: R. Aleluia, Aleluia, Aleluia.1. Salmo. Louvai o Senhor porque ele é bom; cantai ao nosso Deus porque ele é amável, e o louvor lhe convém. O Senhor reconstrói Jerusalém, e congrega os dispersos de Israel. - R.
2. Ele cura os que têm o coração ferido, e pensa-lhes as chagas. É ele que fixa o número das estrelas, e designa cada uma por seu nome. - R.
3. Grande é o Senhor nosso e poderosa a sua força; sua sabedoria não tem limites. O Senhor eleva os humildes, mas abate os ímpios até a terra. - R.
Segunda Leitura: 1º Coríntios 9, 16-19.22-23
Naqueles dias: 16Anunciar o Evangelho não é glória para mim; é uma obrigação que se me impõe. Ai de mim, se eu não anunciar o Evangelho! 17Se o fizesse de minha iniciativa, mereceria recompensa. Se o faço independentemente de minha vontade, é uma missão que me foi imposta. 18Então em que consiste a minha recompensa? Em que, na pregação do Evangelho, o anuncio gratuitamente, sem usar do direito que esta pregação me confere. 19Embora livre de sujeição de qualquer pessoa, eu me fiz servo de todos para ganhar o maior número possível. 22Fiz-me fraco com os fracos, a fim de ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, a fim de salvar a todos. 23E tudo isso faço por causa do Evangelho, para dele me fazer participante. - Palavra do Senhor.
Evangelho: Marcos 1, 29-39
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Marcos - Naquele tempo, 29Assim que saíram da sinagoga, dirigiram-se com Tiago e João à casa de Simão e André. 30A sogra de Simão estava de cama, com febre; e sem tardar, falaram-lhe a respeito dela. 31Aproximando-se ele, tomou-a pela mão e levantou-a; imediatamente a febre a deixou e ela pôs-se a servi-los. 32É tarde, depois do pôr-do-sol, levaram-lhe todos os enfermos e possessos do demônio. 33Toda a cidade estava reunida diante da porta. 34Ele curou muitos que estavam oprimidos de diversas doenças, e expulsou muitos demônios. Não lhes permitia falar, porque o conheciam. 35De manhã, tendo-se levantado muito antes do amanhecer, ele saiu e foi para um lugar deserto, e ali se pôs em oração. 36Simão e os seus companheiros saíram a procurá-lo. 37Encontraram-no e disseram-lhe: "Todos te procuram." 38E ele respondeu-lhes: "Vamos às aldeias vizinhas, para que eu pregue também lá, pois, para isso é que vim." 39Ele retirou-se dali, pregando em todas as sinagogas e por toda a Galiléia, e expulsando os demônios. - Palavra da salvação.
Dicas para reflexão
As leituras de hoje estão interligadas por um fio quase imperceptível: enquanto Jó se enche de sofrimento até o anoitecer (1ª leitura), Jesus cura o sofrimento até o anoitecer (evangelho). O conjunto do evangelho mostra Jesus empenhando-se, sem se poupar, para curar os enfermos de Cafarnaum. E, no dia seguinte, o poder de Deus que ele sente em si o impele para outros lugares, sem se deixar “privatizar” pelo povo de Cafarnaum. A paixão de Jesus é deixar efluir de si o poder benfazejo de Deus. Ele assume, sem limites, o sofrimento do povo. Ele sabe que essa é sua missão: “Foi para isso que eu vim”. Não pode recusar a Deus esse serviço.
Nosso povo, muitas vezes, vê nas doenças e no sofrimento um castigo de Deus. Mas quando o próprio Enviado de Deus se esgota para aliviar as dores do povo, como essas doenças poderiam ser um castigo de Deus? Não serão sinal de outra coisa? Há muito sofrimento que não é castigo, mas, simplesmente, condição humana, condição da criatura, além de ocasião para Deus manifestar seu amor. O evangelista João dirá que a doença do cego não vem de pecado algum, mas é oportunidade para Deus manifestar sua glória (Jo 9,3; cf. 11,4).
Por mais que o ser humano consiga dominar os problemas de saúde, não consegue excluir o sofrimento, pois este tem outra fonte. Mas é verdade que o egoísmo aumenta o sofrimento. O fato de Jesus apaixonadamente se entregar à cura de todos os males, também em outras cidades, é uma manifestação do Espírito de Deus que está sobre Jesus e que renova o mundo (cf. Sl. 104/103,30). O evangelista Mateus compreendeu isso muito bem, quando acrescentou ao texto de Mc. 1,34 a citação de Is 53,4 acerca do Servo sofredor: “Ele assumiu nossas dores e carregou nossas enfermidades” (Mt. 8,17). E se pelo pecado do mundo as dores se transformam num mal que oprime a alma, logo mais Jesus se revelará como aquele que perdoa o pecado (cf. 7º domingo do tempo comum).
Também se hoje acontecem curas e outros sinais do amor apaixonado de Deus que se manifesta em Jesus Cristo, é preciso que reconheçamos nisso os sinais do reino que Jesus vem trazer. Não enganemos as pessoas com falsas promessas de prosperidade, que até causam nos sofredores um complexo de culpa (“Que fiz de errado? Por que mereci isso?”). Mas, em meio ao mistério da dor, dediquemo-nos a dar sinais do amor de Jesus e de seu Pai.
Fonte: padrefelix.com.br